Vou começar esse post já com uma dica: se algum dia você for à Galápagos (sim, as ilhas Galápagos do Darwin), não planeje nada. N-A-D-A. Tá, eu sei, é difícil se jogar assim num lugar estranho, sem saber se vai dar certo – e às vezes não dá mesmo e você quebra a cara. Mas em Galápagos não só funciona como vale muito a pena!
O arquipélago normalmente é caríssimo de se visitar e acaba ficando fora do roteiro de muitos mochileiros. Mas se você der uma chance, logo no aeroporto vai encontrar várias empresas vendendo pacotes completos – hotel, passeios, transporte e até alimentação – por metade do preço que você pagaria se planejasse tudo sozinho. É a lógica inversa de todos os outros lugares do mundo, mas é isso mesmo.
Então foi o que fiz. Cheguei no aeroporto de Baltra, o principal de Galápagos, sem a menor ideia do que fazer ou pra onde ir, e fui logo abordada por um senhor, o Freddy, que me vendeu um dos tais pacotes a preço de banana. E olha que eu abri mão de uma ilha inteira porque queria tempo livre pra mergulhar! Um pacote “normal” te dá dois dias em cada uma das ilhas mais famosas – Santa Cruz, San Cristóbal e Isabela -, e ainda te dá um passeio rápido em mais uma (a minha foi Floreana). Uma semana ao todo. Não é o suficiente, mas já tá de bom tamanho.



Minha estadia em Santa Cruz foi perfeita. Eu tinha uma suite num hotel chiquérrimo, o Freddy me buscava e me levava pra jantar aonde eu quisesse, e eu fiz os melhores mergulhos da minha vida. Dois dias absolutamente maravilhosos.
Mas em Isabela, pelo menos a princípio, as coisas não foram assim tão fáceis. Eu cheguei lá depois de algumas horas de barco (todo o transporte entre as ilhas é feito de barco e é bem demorado – se você costuma passar mal, leve muitos dramins), com meu recibo assinado pelo Freddy, esperando encontrar alguém já de prontidão segurando uma plaquinha: Patrícia.
Mas não foi muito bem isso que aconteceu quando o barco finalmente chegou ao porto. Aos poucos as outras pessoas foram se dispersando, entrando em seus carros, encontrando seus guias, e eu acabei por ficar completamente sozinha. Cadê minha pessoa com a plaquinha? Não veio. O píer fica a dois quilômetros da principal e única vila da ilha, Puerto Villamil. Carregando duas mochilas, e sob o maravilhoso sol escaldante do equador ao meio dia, não seria uma caminhada fácil. Nenhum táxi ou transporte em vista. E agora?

Aí começou a bater o medo. Será que fui passada pra trás? Sim, deve ter sido isso, era bom demais pra ser verdade. O Freddy me engabelou direitinho lá em Santa Cruz, mas nessa ilha eu não tenho hotel nem passeio nem nada marcado; vou ter que achar tudo sozinha e pagar tudo de novo. Que idiota, eu sou.
Mas olhando em volta, vejo que não estou completamente sozinha; e o moço também me viu. Ele percebe que estou completamente perdida e vem me resgatar. Se chama Ricardo e, como o Freddy, trabalha para uma agência de turismo. Mas, ao contrário do Freddy, que é um senhor gordinho e desengonçado de meia idade, esse moço deve ser o homem mais bonito que eu já vi na vida. Estava ali no píer justamente pra arrendar algum turista despreparado que precise de ajuda.
Tentando não encarar demais (caramba, ele é lindo mesmo!), eu explico que em teoria já tenho hotel e tudo mais, e ele logo se oferece para ajudar.
Pronto. Agora esse aqui vai querer me passar pra trás também e tentar me vender um monte de coisas. Mas eu não podia estar mais enganada, ele realmente queria me ajudar – e basicamente resolveu minha vida. Me levou de carro até um hotel, descobriu o nome da minha agência, achou o Freddy, achou meu hotel e me levou até lá. Isso tudo com um sorriso enorme no rosto e a animação de uma cheerleader.
Muitíssimo obrigada pela ajuda, moço bonito, não sei o que teria feito sem você. Adeus e tenha uma boa vida!
Com essa brincadeira acabei perdendo o almoço, mas tudo bem; ainda estou em tempo de me juntar ao resto do grupo para o passeio da tarde. Aliás, o grupo – um americano, uma equatoriana, uma dinamarquesa e um holandês – é absolutamente fantástico, e nós passamos um ótimo primeiro dia conhecendo a vida selvagem da ilha.


Ao final da tarde, no caminho de volta, pedimos para o motorista nos deixar na praia ao invés de no hotel. Como Puerto Villamil é minúscula e dá pra fazer tudo em volta a pé, não vamos mais precisar de transporte.

Estamos à caminho do bar que o motorista nos recomendou quando vejo alguém correndo na praia em nossa direção, braços abanando no ar. Está gritando meu nome.
Pare o carro, pare o carro, pare o carro! Eu vou descer aqui mesmo!
Você conhece aquele maluco?
Sim, conheço! Ele me salvou hoje.
E eu achei que ele merecia um post.
1 de fevereiro de 2016 at 12:42
Merecia uma cerveja também! Que fofo!!!
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1 de fevereiro de 2016 at 20:12
Hahaha, merecia sim! Da próxima, sem falta.
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